terça-feira, 8 de março de 2011

Dieta e envelhecimento (Dráuzio Varella.com.br)


Dietas

Quanto mais come, menos vive o animal. 
 
O New England Journal of Medicine, a revista médica de maior circulação, trouxe uma revisão sobre aporte calórico e envelhecimento que revoluciona antigos conceitos sobre alimentação e duração da vida.
 
Já na década de 1930, ficou demonstrado que camundongos mantidos em regime de restrição calórica apresentavam maior longevidade e tinham menos doenças associadas ao envelhecimento. 
 
Estudos posteriores foram desenvolvidos com três grupos de ratos : o primeiro alimentado sem restrição de quantidade (ad libitum); o segundo, com redução de 30% no número de calorias ingeridas, em relação ao anterior, e o terceiro, com um corte de 60%.
 
Morreram antes os “ad libitum”, depois os que comeram 30% menos e mais tarde, ainda, o grupo com restrição de 60%.
 
Se tomarmos em cada um dos grupos anteriores os 10% que viveram mais e tirarmos a média de suas idades ao morrer, verificaremos que o segundo grupo atinge idade cerca de 30% maior e o terceiro 60% maior do que o primeiro, deixando claro que a diminuição do número de calorias na dieta é proporcional à longevidade dos grupos.

Primeira conclusão: respeitados os limites da desnutrição, a expectativa máxima de vida é inversamente proporcional ao número de calorias ingeridas diariamente.

Para avaliar o papel do exercício físico na longevidade, tomemos dois grupos de ratos que ingerem exatamente o mesmo número de calorias diárias. 
 
Um grupo é colocado para fazer exercício naquelas rodas em que o ratinho anda sem sair do lugar; o outro permanece na gaiola, sedentário. 
 
No final, os ratos atletas pesam 40% menos do que os preguiçosos e atingem vida média maior. A duração máxima de vida (longevidade), no entanto, é igual para os dois grupos.

Segunda conclusão: o exercício físico aumenta a sobrevida média, mas não estende os limites da vida. 
 
O exercício pode evitar que você morra de infarto aos cinqüenta anos (o que não é pouco), mas não faz ninguém bater o recorde mundial de cento e vinte dois anos.

Existe um tipo de rato chamado C57BL-BJ que é, como muitos dos nossos leitores, geneticamente obeso. 
 
Os ratos dessa linhagem são portadores do gene ob-ob, que condiciona um comportamento metabólico que conduz à obesidade. 
 
Num experimento, dois grupos desses animais foram separados: o primeiro alimentado ad libitum e o segundo mantido com restrição calórica. 
 
No final, no grupo ad libitum, a gordura representava em média 67% do peso corpóreo; no grupo com restrição, 48% e a expectativa máxima de vida destes ratos foi 50% maior do que a dos alimentados ad libitum, como seria de esperar.
 
Tomemos agora este segundo grupo de ratos ob-ob com dieta restrita e 48% de gordura no corpo e comparemos com um grupo sem o gene da obesidade, submetido a uma dieta com número idêntico de calorias. 
 
Terminada a experiência, os ratos magros terão apenas 13% de gordura no corpo (contra os 48% dos portadores do gene mantidos com a mesma dieta, e 67% dos ad libitum geneticamente obesos). 
 
No entanto, a expectativa máxima de vida dos dois grupos que ingeriram o mesmo número de calorias é exatamente igual, porém maior do que a dos ad libitum.

Terceira conclusão: o número de calorias ingeridas, não o grau de adiposidade, é o fator chave em prolongar a vida. 
 
Você pode ser gordo ou magro, não vem ao caso, é o número de calorias diárias que interessa para a longevidade.

Em todos os estudos realizados emergem outros dois conceitos fundamentais:
 
1) Desde que não haja subnutrição, a longevidade não depende de qualquer nutriente em particular, apenas do número de calorias;

2) A restrição calórica deve ser continuamente mantida e quanto mais precocemente iniciada, melhor eficácia terá. Seus benefícios, entretanto, são demonstrados mesmo em idades mais avançadas.


O SEGREDO DA VIDA LONGA

Na pré-história, os homens passavam seus genes para frente e morriam aos vinte ou trinta anos.
 
A longevidade não exerceu pressão seletiva, porque a fase fértil começa precocemente na espécie humana; caso a fertilidade de homens e mulheres só ocorresse depois dos setenta anos, a evolução natural teria selecionado aqueles capazes de viver longos períodos (e procriar).

Há dez mil anos, com a chegada da agricultura, a média de duração da vida aumentou. 
 
No início do século XX, quem nascia na Europa vivia perto de cinqüenta anos; hoje, nas sociedades pós-industriais, essa média ultrapassa os setenta anos.

Esse aumento na média da duração de vida ocorreu graças à melhora das condições do meio ocorridas desde o homem caçador até a era da informática. 
 
No mesmo período, no entanto, a longevidade humana permaneceu basicamente inalterada (completar cem anos ainda é privilégio de poucos).

Isso ocorre porque, enquanto a duração média da vida de uma população depende das condições ambientais, o aumento da longevidade individual só ocorre se houver retardo no processo de envelhecimento.

A restrição calórica aumenta a longevidade de seres tão diversos como o paramécio (ser unicelular identificado nas aulas de biologia no exame microscópico de uma gota de água parada), a pulga d’água, a mosca da banana, aranhas, répteis, galinhas, e também de mamíferos como os ratos. 
 
Isto faz crer que exista um mecanismo ubíquo para o processo de envelhecimento, selecionado pela evolução para todos os seres vivos. 
 
É altamente pretensioso imaginar que a evolução selecionasse um mecanismo de envelhecimento, dependente do aporte calórico, válido para todas as espécies, e outro especial exclusivo para o Homo sapiens.


RESTRIÇÃO CALÓRICA E AS DOENÇAS DA VELHICE

Nos roedores, a restrição calórica retarda a instalação de doenças associadas ao envelhecimento como câncer (incluindo mama e próstata, dois dos tipos mais freqüentes no homem), problemas renais e cataratas.

Linhagens especiais de ratos que desenvolvem doenças auto-imunes (como artrite ou lúpus, por exemplo) e morrem ao redor dos doze meses de idade, se alimentados ad libitum, ultrapassam vinte meses sem adoecer quando submetidos à restrição calórica.

Na verdade, certas respostas à restrição são extremamente rápidas. Por exemplo, em ratos, a concentração de açúcar (glicose) no sangue cai 20% após apenas cinco dias de restrição calórica. 
 
Em macacos, ocorre resposta semelhante.

Nos homens, esses estudos encontram muita dificuldade na quantificação do número de calorias ingeridas. Um trabalho destinado a avaliar o efeito da dieta ocidentalizada em populações japonesas mostrou que na ilha de Okinawa, onde a alimentação é mais tradicional e o aporte calórico 17% mais baixo do que a média do país, a mortalidade por câncer, doenças cardiovasculares e derrames cerebrais é de 31% a 41% menor.

Na Suécia, altos níveis de consumo calórico demonstraram estar associados a maior incidência de câncer de próstata. Estudos epidemiológicos sugerem que a mesma associação talvez exista para câncer de intestino, de estômago e, possivelmente, câncer de mama.

Rapidamente se acumulam dados a respeito das implicações do aporte calórico na doença de Alzheimer, Parkinson, insuficiência cardíaca e outras enfermidades. 
 
Coerentemente com os estudos experimentais, os efeitos maléficos da ingestão excessiva de calorias são mais acentuados justamente nos tecidos que não se renovam no corpo humano: músculos, cérebro, coração.

É importante dizer também que as dimensões dos órgãos internos guardam relação direta com o número de calorias ingeridas. 
 
Quanto maior a energia absorvida na alimentação, maior é o peso do coração, fígado, rins, próstata, baço, músculos e dos gânglios linfáticos envolvidos na resposta imunológica. 
 
Por capricho intencional da natureza, apenas o cérebro e os testículos mantêm constante seu peso, mesmo quando se diminui drasticamente o aporte energético.

segunda-feira, 7 de março de 2011

A Restrição calórica

De todas as formas que existem, a restrição calórica é a única maneira provada científicamente para retrasar o processo de envelhecimento e aumentar a longevidade.

Combater o envelhecimento vai depender em grande medida do que comemos, não propriamente de um alimento mágico, senão simplesmente, comer menos.

Uma forma ao alcance de todos.

Não devemos confundir restrição calórica com malnutrição, jejum prolongado ou outros estados de privações.

Este tipo de  práticas, a longo prazo, provocam dificiências nutricionais que aceleram o envelhecimento do organismo, acarretando uma multitude de problemas.

A restrição calórica, pelo contrário, baseia-se numa dieta baixa em calorías, na qual, as necessidades nutritivas e energéticas do corpo são satisfeitas com a ingestão de todos os nutrientes essenciais à vida, são eles as proteínas, os hidratos de carbono, as gorduras, as vitaminas e minerais.

Porém, devem ser ingeridos em quantidades equilibradas e suficientes, para a manutenção da saúde.

Desde o ano 1930 a restrição calórica tem sido alvo de numerosos estudos, a maior parte deles realizados com ratos de laboratório que quando submetidos a uma dieta restrita em calorias viveram 40% mais de tempo e com menos doenças associadas ao envelhecimento do corpo como a arteriosclerose, a diabetes, a hipertensão, o cancro.

Foram tambem realizados experimentos com macacos, especíe que genéticamente mais se assemelha ao homem, os quais submetidos a uma dieta de restrição calórica apresentaram menos obesidade, menor pressão sanguínea, menos colesterol, menos glicose no sangue e melhoria da sensibilidade à  insulina, em relação a outros macacos alimentados com níveis superiores de calorias.


Efeito da restrição calórica nos humanos.

No que respeita aos humanos, a pesar de não haver muitas investigações nesse âmbito, o certo é que há evidências reais de que se pode obter os mesmos bons resultados.

Um claro exemplo é a população de Okinawa, uma ilha do Japão, cujo número de centenários é quatro vezes superior à população japonesa.

Os habitantes de Okinawa seguem uma dieta ligeiramente diferente à dos seus compatriotas: ingerem uma quantidade mais elevada de carne de porco e menos arroz que os japoneses e consomem três vezes mais vegetais e o dobro de peixe, é uma dieta com 20 a 40 % menos de calorias que a dieta japonesa estánder.

É mais que evidente que a restrição calórica seja a causa subjacente da longevidade deste povo.

 Outra evidência de restrição calórica, ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial quando os noruegueses viram-se submetidos a um alto grau de restrição calórica devido ao facto de que uma grande parte dos alimentos do país eram enviados à Alemanha.

Calcula-se que o típico consumo calórico noruego desceu quase um 40% em comparação com os níveis anteriores à guerra e com o benefício acrescido, de ser o peixe a sua única fonte de proteínas.

Durante este período de 4 anos a mortalidade causada pelos ataques de coração desceu um 50%. Depois da guerra quando a ingestão de calorias voltou a aumentar, o índice de ataques ao coração subiu também igualando os mesmos níveis anteriores à guerra.

Recuando ainda mais no tempo, no século XVI um nobre italiano Luigi Cornaro de 50 anos de idade, preocupado com a sua saúde que se deteriorava dia após dia, em razão dos excessos alimentares que cometia, decidiu mudar o seu estilo de vida.

Desde então, a sua dieta consistia em pão de grão integral, sopa de carne, ovos e vinho novo.

O seu estado de saúde melhorou imediatamente e assím, pode viver outros 48 anos mais. Antes de morrer aos 98 anos escreveu um dos livros de dietas mais populares que jamais se escreveu antes do sec. XX, titulado “ Discursos sobre a vida moderada”.

Outro experimento mais recente foi o chamado “experimento da Biosfera” no qual sete voluntários viveram em total isolamento, dependendo unicamente dos seus próprios recursos, que constavam sobretudo dos alimentos que eles mesmos cultivavam.

A restrição calórica foi quase de um 30% inferior à que tinham antes de encerrarem-se na Biosfera.

Todos os parámetros de risco cardiovascular depois de seis meses foram consideralvemente mais baixos.


Porqué que a restrição calórica produz tão bons resultados?

A restrição calórica reduz o stress oxidativo causado pelos radicais livres, uma vez que as células não necessitam consumir muito oxigénio.

Quanto mais expostas estão as nossas células aos radicais livres mais rápidamente envelhecemos. É importante saber como se formam os radicais livres.

Os radicais livres são substâncias tóxicas que se produzem durante as reacções metabólicas que ocorrem dentro das nossas células, específicamente nas mitoncôndrias, lugar da célula onde se produz a energia.

As células necessitam do oxigénio para transformar os nutrientes absorvidos durante a digestão em energía quimica, esta energia, será usada pelas células para realizar todas as funções imprescíndiveis ao bom funcionamento do corpo.

Porém durante este processo as células, em presença do oxigénio, libertam umas moléculas chamadas radicais livres.

O oxigénio, tão imprescíndivel à vida, passa a ser, neste caso, lesivo para as células, é devido a ele que as nossas células se oxidam formando, portanto, os radicais livres.

 Embora uma pequena quantidade de radicais livres desempenham uma acção protectora, o excesso destas inestáveis moléculas atacam às células saudáveis, danificando-as, o resultado é o envelhecimento celular e o aparecimento de um grande número de doenças degenerativas como a hipertensão, a arterosclerose, a diabetes, o cancro, doenças cardiovasculares, alzheimer etc.

Quanto menos calorias ingerimos, menos energía necessitam as células para converter os alimentos ingeridos em energía quimica e portanto menos oxígenio será consumido, por conseguinte menos radicais livres se produziram, como resultado, viveremos mais tempo e com menos doenças crónicas.

Com o fim de defender-se dos contínuos “ataques” produzidos pelos radicais livres o nosso corpo possui um sistema de defesa, os antioxidantes, cuja função é neutralizar os radicais livres, mas cuja acção nem sempre é suficiente, no entanto a restrição calórica, que quase sempre vai aliada a uma dieta alta em vegetais e frutas, fontes naturais de vitaminas e antioxidantes, vai permitir reforçar esse sistema de defesa do corpo na luta para eliminar os radicais livres.

Outro grande benefício da restrição calórica para retrasar o envelhecimento é a redução do excesso de glicose no sangue, evitando-se assím a glicação.

A glicação dá-se quando o açucar em excesso que circula pelo sangue, devido ao excesso dos hidratos de carbono, adere-se às proteínas, causando os AGEs.

Estes produtos finais da glicação originam muitos problemas para o corpo.

São, como adesivos, e tendem a aderir-se às proteínas, modificando irreversivelmente as suas estruturas, como no caso do colagénio, que ao ser afectado pela glicação deixa de sustentar a pele, e desta forma, aparecem as rugas.

Entre todos estes benefícios, merece também destaque, um dos mais desejados, que é a manutenção do peso corporal dentro dos limites considerados saudáveis.

A restrição calórica  tem um efeito decisivo na luta contra o envelhecimento.

Uma dieta, baixa em calorías mas rica em todos os nutrientes essenciais, vai abastecer o corpo com toda a energía necessária para o bom funcionamento das células.

Com a dieta da Zona podemos alcançar todos os benefícios da restrição calórica sem passar fome nem privações.
 © Dieta da Zona